As paisagens agrárias
As paisagens agrárias caracterizam-se pelas culturas, forma e arranjo dos campos, malha dos caminhos e tipo de povoamento.
Os sistemas de cultura dominantes – conjunto de plantas cultivadas, forma como estas se associam e técnicas utilizadas no seu cultivo – apresentam grandes contrastes entre o Norte e o Sul do País, que resultam da influência de factores físicos e humanos. Habitualmente, opõem-se dois sistemas de cultivo – intensivos e extensivos.
Nos sistemas intensivos, o solo é total e continuamente ocupado. Nos tradicionais, é comum a policultura – mistura de culturas e colheitas que se sucedem umas às outras. São sistemas que ocorrem em solos relativamente férteis e abundantes em água, mesmo no Verão, e em regiões onde a mão-de-obra agrícola é numerosa.
Este sistema tradicional é praticado em áreas de solos mais pobres e secos no Verão, associando-se à monocultura – cultivo de um só produto, frequentemente destinado ao mercado. Actualmente, generalizou-se a mecanização dos trabalhos agrícolas.
No Minho, no Litoral Centro e no Algarve predominam as explorações familiares de pequena dimensão constituídas por várias parcelas de forma irregular, encontrando-se quase sempre vedadas – campos fechados – com muros ou renques de árvores e arbustos, que delimitam a propriedade e protegem as culturas da invasão do gado e até do vento.
No Alentejo, predominam as explorações de média e grande dimensão e parcelas vastas de forma regular que, embora actualmente se encontrem vedadas por sebes metálicas, na sua maioria eram, tradicionalmente, campos abertos – sem qualquer vedação.
No Norte Litoral, na Madeira, em algumas ilhas dos Açores e em áreas de maior densidade populacional, o sistema intensivo associa-se aos campos fechados e ao povoamento disperso.
No Alentejo e em Trás-os-Montes, predomina, de um modo geral, o sistema extensivo, associado aos campos abertos e ao povoamento concentrado.
A existência de explorações muito fragmentadas, constituídas por pequenas parcelas geograficamente afastadas (maioritariamente adquiridas por herança), são também um entrave à modernização da agricultura, na medida em que traduzem um aumento dos custos de produção, pois as deslocações implicam sempre perdas de tempo, maior desgaste do material e aumento do consumo de combustível.
Assim, o emparcelamento, ou seja, o redimensionamento das explorações poderá traduzir-se numa mais-valia para o sector, pois, por exemplo, levará:
- a um aumento da produtividade e do rendimento;
- à mecanização racional de um maior número de explorações agrícolas;
- ao aumento do número de culturas por ano (de um modo geral, de uma para duas);
- à introdução de novas culturas e de novas tecnologias;
- ao rejuvenescimento e à modernização dos pomares;
- à diminuição do tempo e do esforço empregues na agricultura;
- ao menor desgaste no uso de máquinas agrícolas;
- a uma diminuição dos custos de produção;
- à melhoria das condições de vida dos agricultores.
- Emparcelamento integrado, para além da fusão das parcelas ou pequenas explorações, engloba a reconversão das culturas, a melhoria do acesso às explorações (através da destruição, melhoramento dos caminhos ou construção de outros), a construção ou melhoramento dos sistemas de rega, a criação de áreas de lazer, obras para melhorar as povoações rurais, etc. Normalmente é realizado numa área de grande potencial agrícola;
- Emparcelamento de exploração consiste na concentração das parcelas dispersas de uma mesma empresa agrícola, pertencentes a proprietários diferentes.